sexta-feira, 6 de maio de 2011

SUPERMÃES

Gosto bastante de super-heróis bem brasileiros, e essa heroína do Ziraldo é diferente de tudo que já se fez, uma heroína comum, que poderia ser a mãe de todos nós ou qualquer um de nós. 

Veja o que o Ziraldo já falou da Supermãe:
"Criei um montão de personagens, mas sou mesmo parecido é com a Supermãe, com certeza! Eu sou a verdadeira Supermãe, tenho muito dela ou ela de mim, como preferir."
Ela não é exatamente uma heroína, mas é aquela mãe zelosa e ocupada, sabe aquela mãe do tipo que nunca deixa de recomendar o guarda-chuva ao filho, mesmo que esteja sol? Ou então aquela que fala pro filho levar o agasalho, mesmo numa noite estrelada? Que tem ciúmes da namorada do filho? 

Viva todas as mães do Brasil! Você já deu um beijo na sua mãe hoje?



Ziraldo criou a personagem "Supermãe" na década de 1960

Mãe


Mãe é coisa de tal forma portentosa, e de tão subida força, que um pouco é preciso denegri-la, pichá-la, para poder perdê-la. O curioso e dramático, na dialética da relação mãe-filho, é que o filho, para poder ganhar-se, enquanto sujeito humano autônomo, dono do próprio nariz, precisa criar uma distância respeitável, que o separe da mãe. Isto significa que o filho, para ter a mãe, saudavelmente, necessita perdê-la. O mesmo ocorre com a figura materna, na sua relação com o filho. Ter o filho, enquanto pessoa, centrado na própria liberdade, é abrir mão dele, é consentir na sua existência, como inventor de caminhos.
Mãe e filho se perdem para ganhar-se, e se ganham perdendo-se. É esta a contradição geradora da inevitável ambivalência que caracteriza a relação de mãe e filho, nos dois sentidos. Há um luto e uma perda a elaborar, no diálogo entre ambos. Há o tempo que passa, e a nostalgia incurável que dele roreja — pois o tempo não volta nunca. Há, por fim, um progressivo e doloroso reconhecimento de imperfeições, perdas e danos: a mãe, com o tempo, se torna menor, na medida que o filho cresce, até que mãe e filho passam a ser do mesmo tamanho — ambos se tornam maiores.

terça-feira, 3 de maio de 2011

A SAGA DOS SUPER-HERÓIS

Opera Graphica lança A Saga dos Super-Heróis Brasileiros

Por Marcelo Naranjo, sobre o Press Release (04/04/05)


A Opera Graphica lançou neste mês de abril o livro A Saga dos Super-Heróis Brasileiros. 

Apesar dos super-heróis serem considerados por muitos como um subproduto literário americano, encontram a admiração de milhões de fãs ao redor do mundo, e em particular, dos brasileiros. 

Desde as primeiras publicações em terra brasilis, os autores sofreram com a resistência dos incrédulos ao tentarem adaptar tal temática à realidade brasileira.

Mesmo assim, muitas obras se destacaram das demais por apresentarem textos bem construídos e inteligentes, ou ainda, pela qualidade da arte. Verdadeiros produtos que, por um determinado período de tempo, geraram receita e cativaram um público leitor e mais, propiciaram aos seus autores a chance de "darem seu recado".
Escrito pelo editor e roteirista Roberto Guedes (o mesmo autor de Quando Surgem os Super-Heróis), o livro narra a trajetória das grandes e pequenas editoras, dos selos independentes e dos fanzines, trazendo depoimentos de vários profissionais do meio e, claro, relata particularidades de uma infinidade de personagens, como Garra Cinzenta, Velta, Judoka, Raio Negro, Capitão 7, Meteoro, entre outros. 


O garra cinzenta, este e um clássico dos quadrinhos nacionais. Muito antes da criação do primeiro super-herói brasileiro, foi criado o primeiro super-vilão digno do título. O Garra Cinzenta contava com todos os elementos necessários para um grande antagonista: mente brilhante, planos malignos mirabolantes e até mesmo uma base secreta cheia de truques. Sua face é sinistra, o rosto de uma caveira. Não fica claro, no entanto, se essa é sua verdadeira face deformada, ou apenas uma máscara. O personagem foi criado por Francisco Armond e Renato Silva, e publicado na Gazetinha no ano de 1937, de forma seriada. Também foi publicado no México, na Bélgica e na França, com grande sucesso.

Velta é a musa das histórias em quadrinhos brasileiras. Amada por seus admiradores e odiada por seus inimigos, vem combatendo o mal desde a década de 1970, quando foi criada pelo quadrinhista paraibano Emir Ribeiro, um cabra que não teve receio de abrasileirar o quanto pode a mitologia dos super-heróis que tanto admirava. Além de um forte apelo erótico, suas histórias foram, desde o princípio, ambientadas no Brasil, com a participação de personalidades nacionais e uma cenografia quase perfeita. Quase, porque o autor continua a aprimorar esse realismo nacional, pesquisando cenários e situações que melhor emoldurem a brasilidade natural da personagem.

Ao longo dos últimos 34 anos, Velta mudou bastante. Deixou de ser uma simples super-heroína decalcada dos modelos estrangeiros para assumir personalidade própria. Publicada primeiro em jornais, depois em revistas e fanzines e, finalmente, em álbuns luxuosos e até em livros, Velta construiu um grande público leitor, ansioso por mais histórias dessa inusitada detetive paraibana.