segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A paixão pelo desenho

 Segue um resumo do texto de Teresa Poester - Z H, 1996


O desenho, alicerce para a construção das mais variadas áreas do conhecimento, sempre teve dificuldade em impor-se como linguagem artística autônoma. Aparece com mais força a partir do século XIX com a valorização do artista como criador único e original. Agora, no momento em que os blogs e os suportes virtuais via web trazem possibilidades de divulgação imediata, proliferam alternativas de intervenção no espaço público e privado através do desenho, como os grafites e os fanzines e as tatuagens no corpo suporte. Aumenta também, de uns anos para cá, o número de exposições de desenho, em quase todos os países.
Trabalhos em grandes dimensões traçados no papel, no chão e nas paredes, desenhos que se transformam em objetos e nos demonstram que uma exposição é, antes de tudo, uma instalação num espaço determinante.
A linha é a pura abstração, entretanto são poucos ainda os desenhistas que exploraram a linha como meio e fim em si mesma, sem compromisso com a representação da figura. O movimento que gera a linha é feito do ponto que sucede o anterior, passo após passo, em direção ao desconhecido, metáfora do instante do qual nada sabemos. Neste sentido, estas exposições são especialmente importantes. Numa época de automatização em que o corpo cada vez é menos solicitado como instrumento de trabalho, o desenho, como escritura do gesto, representa um grito de alerta, urgente e necessário.

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